Certificação da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), recebida pelo presidente Lula, na França, marca nova era das exportações brasileiras de carne bovina
O Brasil acaba de entrar numa nova era das exportações de carne bovina. Nesta sexta-feira (6), em Paris, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu oficialmente a certificação da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), (World Organisation for Animal Health - WOAH, em inglês) de país área livre de febre aftosa sem vacinação. Esperado há mais de 50 anos, o reconhecimento da OMSA é um marco histórico. O certificado permitirá o acesso a mercados de importações carne mais exigentes. A entrega ocorreu paralelamente ao Fórum Econômico Brasil-França que ocorre na ocasião da visita de Estado do presidente Lula à França.
“É o reconhecimento de um país que tem no agronegócio, na pecuária, uma das suas mais importantes vertentes econômicas. Esse certificado é o reconhecimento da robustez e da confiabilidade do nosso sistema de defesa agropecuária. Mesmo sem a vacinação, está comprovado que a febre aftosa não circula em nosso país”, reforçou o presidente Lula.
"Este é um dia histórico, que comprova a força da nossa sanidade agropecuária e abre grandes oportunidades comerciais. Receber o certificado de país livre de febre aftosa sem vacinação é motivo de orgulho nacional", exaltou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro. "Um resultado de mais de 60 anos de trabalho sério e comprometido dos nossos estados e de todos que atuam nesse setor", completou. Fávaro disse que o Brasil cumpriu todos os requisitos e, a partir de agora, poderá acessar mercados como o Japão, que pagam bem mais pela carne de nações que obtém o aval da OMSA.
Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), também comemorou a certificação. "Exportamos três milhões de toneladas no ano passado, mas o principal mercado da carne bovina brasileira é o Brasil. Nós deixamos no Brasil 70% da produção e exportamos os excedentes. Com essa certificação, vai ser possível aumentar os mercados", disse.
Jorge Viana: “O Brasil fez o dever de casa”
De acordo com o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana, o Brasil fez o dever de casa, modernizou a agropecuária, cuidou da saúde animal e vem respeitando normas rígidas. Segundo ele, com esse certificado, o país alcança um novo patamar internacional. “Esse reconhecimento recebido aqui hoje pela Organização Mundial da Saúde Animal, declarando que o Brasil está livre de febre aftosa em mais de 20 estados é uma coisa extraordinária. Qualifica mais ainda a proteína animal nossa e abre portas para novos mercados”, disse Jorge Viana. “Com esse selo que estamos recebendo durante essa visita do presidente Lula aqui na França, concedido pela Organização mais importante que cuida disso, o Brasil muda de patamar, muda de nível. Com isso a gente enfrenta a melhor concorrência e deixa bem claro para o mundo que o que o Brasil produz de alimentos que vêm com sustentabilidade, que vêm com fruto do sacrifício do produtor e vêm com o certificado de saúde o que é muito importante para nós brasileiros e para os clientes estrangeiros”, reforçou o presidente da ApexBrasil.
Histórico
Os últimos casos de febre aftosa no Brasil ocorreram em 2005. Em 1992, o MAPA implantou o Plano Estratégico do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PE-PNEFA) com o objetivo de “criar e manter condições sustentáveis para garantir o status de país livre de febre aftosa e ampliar zonas livres de febre aftosa sem vacinação, protegendo o patrimônio pecuário nacional e gerando o máximo de benefícios aos atores envolvidos e à sociedade brasileira”. Este plano foi desenhado para ser executado no período de dez anos, e 2017 a 2026, via utilização de vacinas, testes sorológicos e inspeção ante e post-mortem de 100% dos animais abatidos. Em maio de 2018, o Brasil foi reconhecido pela OMSA como país livre de aftosa com vacinação. Agora, em maio de 2025, o Brasil é então reconhecido pela como país livre de aftosa sem vacinação.
Exportações recordes de carne
O ano de 2024 entrou para a história como o maior em exportações de carne bovina pelo Brasil. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), que reúne 43 empresas do setor no país - responsáveis por 98% da carne negociada para mercados internacionais - foram exportadas 2,89 milhões de toneladas no ano passado, o que representa um aumento de mais de 26% em relação a 2023. O volume exportado movimentou US$ 12,8 bilhões, cerca de 22% a mais do que o faturado em 2023.
Os cinco principais destinos das exportações brasileiras de carne em 2024 foram: China, com 1,33 milhão de toneladas; Estados Unidos, com 229 mil toneladas; Emirados Árabes Unidos, com 132 mil toneladas; Chile, com 110 mil toneladas; e União Europeia, com 82,3 mil toneladas.
A promoção da carne bovina nacional no mundo é impulsionada pelo projeto setorial ‘Brazilian Beef’, fruto da parceria entre ApexBrasil e Abiec. “Além da alta qualidade, da garantia da origem, a certificação é um caminho aberto para a nossa carne chegar a mais mercados. Acredito que 2025 tem tudo para batermos o recorde em exportações e também em faturamento”, avalia o presidente da Abiec, Roberto Perosa.
Sobre a OMSA
A Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) é uma organização que atua para melhorar a saúde e o bem-estar animal no mundo. Ao coletar, analisar e divulgar informações científicas veterinárias, incentiva a solidariedade internacional no controle dos riscos à saúde animal. Seus objetivos são garantir a transparência das doenças animais, melhorar o padrão da saúde, promover o bem-estar e fortalecer os serviços veterinários nacionais. A OMSA concede certificações para doenças animais especificas, como: febre aftosa, peste bovina, peste suína clássica e peste suína africana. Para conseguir a certificação, é preciso seguir as seguintes etapas: Comprometimento nacional; envio de documentação oficial (histórico epidemiológico, plano de vigilância, protocolos de diagnóstico e controle, evidências de ausência da doença por mais de um ou dois anos dependendo do caso); Avaliação por especialistas da OMSA, Revisão e decisão (decisão é tomada durante assembleia mundial da OMSA); Manutenção da certificação (é preciso enviar relatórios regulares e manter as condições sanitárias).